quarta-feira, 27 de março de 2013
sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013
UM OLHAR DIALÉTICO SOBRE O SERTÃO
Adriano Melo Medeiros
Fundamentado na dialética hegeliana, este
artigo apresenta uma analise do ethos sertanejo. Tendo como ponto de partida a celebre frase
de Euclides da Cunha : “o sertanejo é antes
de tudo um
forte ”, é examinado o processo
histórico de formação
do ethos do sertanejo , bem
como a influência
da luta , esta entendida
em termos
hegelianos, com a natureza .
Concluindo com uma analise do momento atual onde esse ethos enfrenta um
choque com
a cultura técno-científica atual.
Palavras-chave: Dialética, Sertão ,
Sertanejo , Ethos
Basé chez la dialectique hegelienne, cet article
présente une analyse du ethos du
l’homme du Sertão . En ayant comme point
de départ la célèbre phrase d'Euclides da Cunha :
« l’homme du Sertão est avant tout
un fort », est examiné le processus historique de formation du ethos du l’homme du Sertão ,
ainsi que l'influence de la lutte,
celle-ci comprise chez les termes hegeliens, avec la nature. En concluant avec
un analyse du moment actuel où ce ethos
s’affronte avec la culture technoscientifique actuelle.
Mots-clé : Dialectique, Sertão , L’homme
du Sertão , Ethos
***
O sertão é uma realidade dialética por
natureza: nascer é um apelo à vida ,
contudo, nascer no sertão é um
apelo à morte .
Entretanto, por ser o combate
de todas as coisas pai ,
de todas rei , como
afirma Heráclito no fragmento 53, é, portanto , nessa peleja
entre vida
e morte , seca
e esperança , que
se funde a alma do sertanejo .
“A seca seca primeiro
Os depósitos cristalinos
De milhões de peregrinos
(Zé Fernandes)
Podemos encontrar
a matriz dessas duas qualidades que
compõem o caráter do sertanejo não só na luta contra a seca , mas também no processo histórico de
formação do povo
que habita o sertão .
O primeiro
choque entre
diversidades ocorrido no sertão foi um choque cultural. Fugindo das fogueiras
da inquisição , árabes
e judeus se embrenharam sertão adentro ,
mesclando-se com os índios
já existentes na região .
Esses os missionários trouxeram sua religiosidade medieval , com isso, o animismo
indígena foi catequizado por meio de
martírios, cilícios , infernos ardentes ,
pecados mil
e toda uma exaltação
ao sofrimento que , numa terra
onde se convive com
a dor , adubaria facilmente a mente do povo que se formava na região .
Consequentemente, não poderia ser diferente que o sertanejo ,
nas situações de extrema
adversidade , recorresse ou a bala ou ao rosário , ou mesmo aos dois ao mesmo tempo . Isso fica evidente
quando olhamos para
Canudos ou para
Juazeiro do Norte .
O que demonstra ser
o ethos sertanejo
uma unidade dialética ,
resultante de uma harmonia
de tensões contrárias, e não uma unidade
eclética em
que a harmonia
é resultante da conciliação
entre elementos
diversos .
A dialética
não é um
modo de ver
a realidade , mas
sim a própria
realidade . Hegel, no segundo
parágrafo da “Fenomenologia
do Espírito ”, dá como exemplo o botão e a flor , para mostrar a diversidade como
desenvolvimento progressivo
da verdade . Hoje ,
a imagem de um
vaqueiro montado em
uma motocicleta poderia
ser o exemplo
usado por ele .
ALBUQUERQUE
JUNIOR, Durval Muniz de. A invenção do Nordeste
e outras artes . São
Paulo: Cortez, 1999.
ANDRADE,
Maristela Oliveira de. Cultura e tradição
nordestina: ensaios de historia cultural
e intelectual . João Pessoa :
Idéia , 1997.
BORNHEIM, Gerd
A. Os filósofos pré-socráticos. 2.ed.
São Paulo: Cultrix, 1972.
FERRAZ, Tatiana Valença.
A formação
da sociedade no sertão
pernambucano : trajetória
de núcleos familiares .
Recife , 2004. Dissertação
(mestrado ) - Universidade
Federal de Pernambuco. CFCH. História .
HEGEL, Georg
Wilhelm Friedrich. Fenomenologia do espírito . Petrópolis: Vozes ,
2001.
MELO NETO , João Cabral de. Morte e Vida Severina, e outros poemas para vozes . 4.ed.
rev. Rio de Janeiro :
Nova Fronteira ,
2000.
MENESES, Paulo. Para ler
a fenomenologia do espírito . São Paulo: Edições
Loyola, 1985.
PIZA, Daniel. Trechos de "Os sertões ".
Rio de Janeiro :
Paz e Terra ,
1997.
SOLER, Luis. As
raízes árabes na tradição
poético-musical do sertão nordestino. Recife : Ed. Universitária ,
1978.
WIKIPEDIA. Sertão . Disponível em
<http://fr.wikipedia.org/wiki/Sert%C3%A3o>
acessado em 10 de junho
de 2005.
[1] Parodiando
o famoso cordel
“A chegada de Lampião
no inferno ”, Paulo Moura
escreveu: “A chegada de Lampião no deserto
iraquiano” no qual se lê : “O barulho
dessa bomba / Da força da coalizão /
Findou até acordando/ O famoso Lampião /
Que jazia ali
bem perto /
Num conhecido deserto /
Que era
a morada do cão .
Lampião era
valente / Mas
ficou estarrecido: Nunca vi tanta desgraça !/
Esse mundo
está perdido!/ No tempo de meu cangaço / Eu só mandava um balaço / Se alguém me
houvesse ofendido.” Gilberto Cavalcante por
sua vez
escreveu um cordel
do tipo jornalístico intitulado “A guerra Iraque X EUA, o poder a preço de sangue ” que assim principia: “No dia
20 de março/ Do ano 2003/ O poder americano / Diversos disparos
fez/ No primeiro bombardeio /
Cinco morreram na vez .”
quinta-feira, 10 de janeiro de 2013
sábado, 15 de dezembro de 2012
Situações Didáticas II
O Saber filosófico e o Saber científico são para quem está disposto aos sacrifícios necessários à aquisição da visão além do alcance. É preciso ter Olho de Thundera!!!
Charge de Silvio Vilasi
terça-feira, 11 de dezembro de 2012
Assinar:
Postagens (Atom)